Murtal
“Se bem contarmos, encontraremos na toponímia portuguesa mais de uma centena de povoações com o nome de murta e seus derivados: Murteira, Murtinheira, Murtosa, Murta, Murtas, Murtal, Murtais, etc.,etc… Naquele número deverá também incluir-se Murtede, do concelho de Cantanhede, «que vem de murteti, locativo ou genitivo de murtetum murtal» e ainda, embora, à primeira vista, possa parecer estranho, Mértola, de Myrtilis, Myrtila.
A grafia Mortal, com o, em vez de Murtal, do concelho de Cascais, usada por alguns, mas de que, felizmente, restam fracos vestígios, não podia subsistir, por lhe faltar base científica. O nome da florescente povoação nada tem com morte; o sítio em que ela se fundou já era murtal, campo em que medrava a murta, também conhecida por buxo-anão. Foi, pois, do nome comum que nasceu o nome próprio. Exemplos semelhantes apontam-se aos milhares. Se o leitor quiser dar-se ao incómodo de abrir o Dicionário Postal de Silva Lopes, administrador dos Correios e Telégrafos nos fins do último século, lá verá os top6nimos a que atrás faço referência todos grafados com u. Assente-se, conseguintemente, de uma vez para sempre, na escrita Murtal, campo de murtas – aldeia das murtas, como lhe chamou, e com toda a razão, Belo Redondo -, e não campo santo ou campo de mortos.
O lugar do Murtal tinha, em 1758, 86 fogos. Em 1960, 1 599 habitantes.”
In Toponímia do Concelho de Cascais, de J. Diogo Correia, págs. 44-45, Edição da Câmara Municipal de Cascais, Cascais 1964